terça-feira, 26 de janeiro de 2010



O colapso das coisas
é o som da gota
em um lugar seguro.
E a batida do meu coração
é uma grande linha branca.
Fico sonhando
com algum lugar
abaixo da chuva
e acima dos meus olhos,
com algum lugar cristalino
onde meu corpo possa flutuar
nas brumas do mar em círculos
e eu possa recordar secretamente
que tudo se foi
e eu não tenho mais face.
Agora, a desordem e o caos,
Mãe e Pai tomam conta de mim
e nada além do silêncio
invade meu berço absoluto.
E até me esqueço quando
meu Pai me diz: não se assuste.
Premeditadamente com prazer
já me coloco a preparar o que farei
para conter o inevitável quando ele vier,
se vier.
Assim, vociferado pleo tempo que não passou,
me sento ao terraço
e fito a árvore seca que fica em frente.
E crendo estar sozinho
espero por ela;
a Princesa,
a única herdeira de dois poderes,
sem dar por mim que ela
já está a me fazer compania
desde antes dos tempos serem tempos.
E assim, ficamos,
Eu e Ela
sentados no terraço
em nosso interlúdio infinto;
esperando pela ruptura
que nos leve;
passando pela árvore seca de defronte;
rio acima
ou rio abaixo.

Leonardo Roat

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